“Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Ef 4.25).
A mentira é devastadora. Produz
descrédito, decepção e morte. A mentira é nociva não apenas por causa de
sua natureza perversa, mas, também por causa de sua origem maligna.
O diabo é o pai da mentira e o padroeiro dos mentirosos. Muito embora a mentira não se mantenha de pé o tempo todo, pois é manca e tem pernas curtas, ainda assim ela produz muitos males, como veremos:
O diabo é o pai da mentira e o padroeiro dos mentirosos. Muito embora a mentira não se mantenha de pé o tempo todo, pois é manca e tem pernas curtas, ainda assim ela produz muitos males, como veremos:
Em primeiro lugar, a mentira é uma afronta a Deus. Deus
é luz e não há nele treva nenhuma. A mentira não habita na luz, antes
esconde-se nas regiões lôbregas e ensombrecidas do engano. A mentira é
um atentado contra a natureza de Deus e uma violação da lei de Deus. O
nono mandamento é peremptório: “Não dirás falso testemunho”. A ordem
divina é: “… deixando a mentira, fale cada um a verdade…”. A mentira tem
muitas faces. Ela se apresenta disfarçada ora de autodefesa, ora de
negação afrontosa da verdade. Quando Deus confrontou Adão por seu
pecado, ele colocou a culpa em Eva. Quando Deus confrontou Caim pelo
assassinato de Abel, ele evadiu-se dizendo que não era tutor de seu
irmão. O mentiroso diz sim, quando deveria dizer não e diz não quando
deveria dizer sim. A mentira é uma distorção, inversão e negação da
verdade. Portanto, a mentira é uma ofensa à santidade de Deus e um
atentado à integridade do próximo.
Em segundo lugar, a mentira é uma afronta ao próximo. A
mentira tem como propósito enganar o próximo. Seu intento é sonegar a
verdade ao próximo para usurpar seus direitos. A mentira tem a ver,
outrossim, com uma informação eivada de distorções, para maquiar os
fatos, usurpar o próximo e colocar o retrato do mentiroso na moldura da
integridade. Toda mentira é prejudicial, pois não pode existir
comunicação saudável nem relacionamentos confiáveis onde a mentira está
presente. Seus efeitos são desastrosos, pois destrói a confiança, o
alicerce das relações humanas.
Em terceiro lugar, a mentira é uma afronta a si mesmo. O
mentiroso destrói a si mesmo antes de atingir o próximo. Perde sua
credibilidade, seu nome e sua alma antes de prejudicar os outros. Os
mentirosos não entram para o rol daqueles que são coroados de respeito e
dignidade. Os mentirosos são abomináveis na terra e não herdam os céus.
Os mentirosos bebem o refluxo perverso do seu próprio fluxo maligno.
Colhem os frutos malditos de sua própria semeadura insensata. Bebem o
veneno que destilam de sua língua peçonhenta. Os mentirosos tropeçam em
sua própria língua e cavam a sua própria sepultura.
Em quarto lugar, a mentira é uma afronta à sociedade. Vivemos
numa sociedade corrompida, que lança mão da mentira nos palácios, nas
cortes, na academia, nos templos, na indústria, no comércio e na
família. A mentira vem, muitas vezes, travestida de verdade. Sendo
injusta, não raro, traja-se com a toga da justiça. Sendo perversa, às
vezes, desfila na passarela da honra. A mentira, entretanto, é maligna
em sua essência e devastadora em seus efeitos. Não há sociedade ordeira e
justa onde a mentira se traveste de verdade. Não há confiança duradoura
nas relações onde a mentira se disfarça de verdade. Não há conceitos
sólidos da verdade teológica ou dos preceitos éticos onde a mentira
discursa com veemência nas cátedras ou prega com eloquência nos
púlpitos. Não há justiça social onde a mentira engana o povo na
indústria ou no comércio. É impossível construir uma sociedade honrada
sobre o fundamento roto da mentira. Só no canteiro da verdade floresce o
amor, a justiça e a paz. A mentira produz morte, mas a verdade dá à luz
a vida. Deixemos, portanto, a mentira e falemos a verdade!
Rev. Hernandes Dias Lopes
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